quarta-feira, 12 de janeiro de 2011

que pena!!!

Ninguém leva muito a sério a educação em Rondon do Pará. Que pena! Até a lei que garantia as eleições livres e diretas para gestores escolares nas escolas municipais foi jogada na lata de lixo. Que pena! Isso tudo com aprovação irrestrita do sindicato dos professores. Num piscar de olhos. Na calada da noite. E olhe que nem era lua cheia justamente pra não deixar vestígios da maledicência. Que pena! Aproveitaram o recesso escolar, e repartiram o peru de natal entre uma dúzia de convidados, bem que poderia ser mais, quem sabe centenas... fulana, vc pra norte; beltrana, vc vai pro sul; sicrana, vc vai... pra onde vc quer ir mesmo! Que pena! Como num passo de mágico ou conto de fadas, todos os cargos disponíveis foram distribuídos ao Léo. Sem nenhum consentimento da comunidade escolar. Aliás, pra que serve mesmo a tal comunidade escolar¿ Cara, não faço a mínima idéia... Nem eu! Que pena! Tudo isso com aprovação daqueles que estavam na linha de frente do sindicato. Com raras exceções, é claro. Teve gente que não fez parte desta balbúrdia, gente que tem princípios, é claro! Que pena! E no futuro, quando estiver na hora de fazer o projeto político pedagógico, o que vc vai dizer aos caros colegas¿ Deixa pra lá, a gente empurra com a barriga. Com a barriga, com a cabeça, com os pés, menos com a razão – a razão de fazer o que é direito: eleições livres e diretas para diretores escolares, com a participação democrática de toda comunidade escolar. Que pena! Poderia ser escolhido não pelo fato de quantas vezes o sujeito esteve a balançar as bandeirolas em tempos de comício, mas sim, pelo projeto que cada um tem a oferecer à comunidade escolar. Eu teria vergonha, e não aceitaria de hipótese alguma um cargo de diretor escolar numa comunidade que eu nem sabia que até então existia. Mas, que pena! “Que pena, amor!” e assim padece a humanidade. Em pleno raiar do século vinte e um. Atrofiada às amarras da década de 70. Agora, como se vai colocar na cabeça do adolescente que temos que lutar pelo Estado Democrático de Direito. Aí, meu amigo, vc responde. Parece até uma antítese, um paradoxo, sei lá... só sei que “não me chamaram pra esta festa pobre”. Poderia até sugerir uns bons conselhos – quem sabe, seguir o que determina a lei: eleições diretas para gestores escolares. E ponto final. Quem for merecedor perante à comunidade escolar, que use a caneta por demorados e acalorados dois anos. Quem não for, volte a pegar no giz. Afinal, todos nós quando entramos pela porta da educação, entramos com esta finalidade. Simples, não!

terça-feira, 11 de janeiro de 2011

Ainda dá tempo de corrigir o erro.

Nada contra quem está entrando, muito menos lágrimas a rolar a quem esteja saindo. Nada pessoal; apenas institucional. O que procuro compreender é como em pleno século vinte e um, vivendo numa democracia, ainda temos que conviver com eternas ressurreições ditatoriais, como se estivéssemos na década de 70. O que eu procuro entender é porque não preservar o Estado Democrático de Direito. Ainda mais quando as aberrações ditatoriais são assinadas na última linha por um sindicato que deveria está atento aos desmandos antidemocráticos, porém, a cúpula deste mesmo sindicato toma conta das rédeas, sorteando as cadeiras superiores a cada um que dela faz parte, com raríssimas exceções.
Há 10 anos, este mesmo sindicato intensificou uma briga ferrenha com o poder público municipal, na última década com a família do PMDB – foram longos anos marcados por greves e revoluções, em troca de míseros percentuais de aumento de salário que engabelavam a categoria fazendo a mesma retornar pra sala de aula com sorriso aberto no rosto enquanto não chegava à próxima etapa, à próxima greve, fazendo deste processo contínuo, a bela máxima: perdemos a batalha, mas não perdemos a guerra. Entre as reivindicações, estava ele, como sempre, o aumento do salário, e por vezes, o regime de eleições diretas aos diretores escolares. Em meio a tantas batalhas, a conquista de uma lei que acomodava e garantia a escola por livre arbítrio da comunidade educadora referentes aos seus gestores por um período de 2 anos. Até chegar a este ponto, foram inúmeras as paralisações, tendo uma delas, a maior de todas, a tomada da secretaria municipal de educação pelos gritos e pela força, pela fome e pela sede, sendo estendida no mastro maior por 3 dias, a bandeira da vitória – a bandeira da democracia. Aí, eu faço agora uma pergunta aos meus botões – por que retirar e enrolar a bandeira da democracia e evocar aos quatro ventos o pano da ditadura¿ Como eu disse no início, não é nada pessoal; é institucional. Seria mais compreensível que o sindicato providenciasse e acompanhasse o processo que garante a lei municipal a este respeito – eleições livres e diretas para os gestores das escolas municipais. Porém, no apagar das luzes, na calada da noite, joga a tão sonhada lei no primeiro bueiro da esquina e atropela o curso da história ao longo destes últimos dez anos. O que não faz o poder¿ Todos lutam contra quem está no poder, mas ao mesmo tempo, os mesmo que lutam, querem somente o poder. Engraçado, não! Mas este é o curso da História. E assim será por longos anos.
Aí, eu lhe pergunto, meu caro leitor – e agora, José¿ a festa acabou, a luz apagou, o povo sumiu, a noite esfriou... e agora, José¿ talvez seja essa também a mesma indagação que o sindicato fará daqui alguns anos, quando o mesmo pleitear algo que conquistou tão arduamente no passado, entretanto, deixando escorrer pelos dedos no presente, vendo a banda passar de marcha ré.
Não quero ser pessimista, no entanto, acredito ser incerto o futuro das raízes sindicais em solo rondonense pelas atitudes tomadas entre quatro paredes, na véspera do último natal, num conjunto que não passa de 12 pessoas, enquanto há centenas de educadores por aí. Creio não ser assim, de forma ditatorial e às espreitas, que podemos pensar no futuro da educação. Creio não ser assim, que podemos entrar num estabelecimento de ensino a provocar no jovem de hoje a visão crítica do amanhã. Creio não ser assim, que podemos como educadores que somos, bater no peito e dizer em alto e bom som: sim, nós podemos! Talvez, tenhamos que dizer: sim, nós perdemos!
Prof. Robson Luiz Veiga
Mestrando em Literatura PUC GO