terça-feira, 11 de janeiro de 2011

Ainda dá tempo de corrigir o erro.

Nada contra quem está entrando, muito menos lágrimas a rolar a quem esteja saindo. Nada pessoal; apenas institucional. O que procuro compreender é como em pleno século vinte e um, vivendo numa democracia, ainda temos que conviver com eternas ressurreições ditatoriais, como se estivéssemos na década de 70. O que eu procuro entender é porque não preservar o Estado Democrático de Direito. Ainda mais quando as aberrações ditatoriais são assinadas na última linha por um sindicato que deveria está atento aos desmandos antidemocráticos, porém, a cúpula deste mesmo sindicato toma conta das rédeas, sorteando as cadeiras superiores a cada um que dela faz parte, com raríssimas exceções.
Há 10 anos, este mesmo sindicato intensificou uma briga ferrenha com o poder público municipal, na última década com a família do PMDB – foram longos anos marcados por greves e revoluções, em troca de míseros percentuais de aumento de salário que engabelavam a categoria fazendo a mesma retornar pra sala de aula com sorriso aberto no rosto enquanto não chegava à próxima etapa, à próxima greve, fazendo deste processo contínuo, a bela máxima: perdemos a batalha, mas não perdemos a guerra. Entre as reivindicações, estava ele, como sempre, o aumento do salário, e por vezes, o regime de eleições diretas aos diretores escolares. Em meio a tantas batalhas, a conquista de uma lei que acomodava e garantia a escola por livre arbítrio da comunidade educadora referentes aos seus gestores por um período de 2 anos. Até chegar a este ponto, foram inúmeras as paralisações, tendo uma delas, a maior de todas, a tomada da secretaria municipal de educação pelos gritos e pela força, pela fome e pela sede, sendo estendida no mastro maior por 3 dias, a bandeira da vitória – a bandeira da democracia. Aí, eu faço agora uma pergunta aos meus botões – por que retirar e enrolar a bandeira da democracia e evocar aos quatro ventos o pano da ditadura¿ Como eu disse no início, não é nada pessoal; é institucional. Seria mais compreensível que o sindicato providenciasse e acompanhasse o processo que garante a lei municipal a este respeito – eleições livres e diretas para os gestores das escolas municipais. Porém, no apagar das luzes, na calada da noite, joga a tão sonhada lei no primeiro bueiro da esquina e atropela o curso da história ao longo destes últimos dez anos. O que não faz o poder¿ Todos lutam contra quem está no poder, mas ao mesmo tempo, os mesmo que lutam, querem somente o poder. Engraçado, não! Mas este é o curso da História. E assim será por longos anos.
Aí, eu lhe pergunto, meu caro leitor – e agora, José¿ a festa acabou, a luz apagou, o povo sumiu, a noite esfriou... e agora, José¿ talvez seja essa também a mesma indagação que o sindicato fará daqui alguns anos, quando o mesmo pleitear algo que conquistou tão arduamente no passado, entretanto, deixando escorrer pelos dedos no presente, vendo a banda passar de marcha ré.
Não quero ser pessimista, no entanto, acredito ser incerto o futuro das raízes sindicais em solo rondonense pelas atitudes tomadas entre quatro paredes, na véspera do último natal, num conjunto que não passa de 12 pessoas, enquanto há centenas de educadores por aí. Creio não ser assim, de forma ditatorial e às espreitas, que podemos pensar no futuro da educação. Creio não ser assim, que podemos entrar num estabelecimento de ensino a provocar no jovem de hoje a visão crítica do amanhã. Creio não ser assim, que podemos como educadores que somos, bater no peito e dizer em alto e bom som: sim, nós podemos! Talvez, tenhamos que dizer: sim, nós perdemos!
Prof. Robson Luiz Veiga
Mestrando em Literatura PUC GO

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